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Tendências de Greentech para 2024 na América Latina

3 min. leitura
12/02/2024
Flavio Zaclis

 

 

Da eficiência energética à gestão de resíduos, passando pela agricultura sustentável, novas tecnologias devem despontar este ano na América Latina para impulsionar a transição para uma economia mais verde. 

A América Latina concentra 50% da biodiversidade global e é a região que mais exporta  alimentos para o mundo, mas conta com diversos desafios nas atividades de agricultura, logística e  tratamento do lixo, setores que representam 48% do total das emissões de gases responsáveis pelo aquecimento global da  região.

O contexto demanda soluções inovadoras, rápidas e eficientes para, ao mesmo tempo em que seguimos alimentando a população mundial,  possamos preservar os recursos naturais e nos adaptar às mudanças climáticas. Essas soluções, que passam pelo uso mais eficiente dos recursos naturais e pela redução do lixo e do desperdício, são  conhecidas como tecnologias verdes, ou greentechs.  

Se quisermos viabilizar e facilitar a transição para uma economia mais verde, precisamos encontrar as melhores inovações para eficiência energética, gestão de resíduos, agricultura sustentável e eficiência  logística. 

A seguir, apresento as 9 tendências em greentech que acredito que irão ganhar muita  relevância em 2024 na América Latina, gerando impacto ambiental e social significativo e moldando o futuro da  economia:

Agro e uso da terra  

  1. Agricultura de precisão: São tecnologias que proporcionam uma gestão mais eficiente e  sustentável dos recursos agrícolas, permitindo aos agricultores a tomada de decisão mais  fundamentada, aumentando a produtividade e reduzindo custos. Alguns exemplos de precisão na  agricultura são inteligência artificial aplicada a gargalos agrícolas, sensoriamento e monitoramento  remoto, previsibilidade climática e aplicação variável e precisa de fertilizantes e defensivos. Esperamos para 2024 conhecer mais dessas inovações resolvendo as dores da produção agrícola com o uso da precisão. 
  2. Biotecnologia na agricultura: A biotecnologia será cada vez mais  aplicada na genética de plantas e sementes, assim como no combate de pragas e pestes. As inovações e pesquisas em biotecnologia aplicada à agricultura irão desempenhar um papel crucial, oferecendo ferramentas ainda mais específicas para melhorar a resiliência de diversas plantas e solos e encontrando novas e  melhores formas de se adaptar aos desafios do clima. 
  3. Rastreabilidade e compliance no agro: Em diversos países estão sendo aprovadas  regulamentações para pressionar e influenciar a importação de alimentos de origem mais sustentável,  que poderá ser verificada com uma melhor rastreabilidade da cadeia de produção. Nesse contexto,  produtores e exportadores terão que se ajustar para cumprir a nova regulamentação para seguir  atendendo esses mercados, como o da União Europeia (com lei recém-aprovada em 2023). Com um  prazo curto para se adaptar, será necessário recorrer à tecnologia para digitalizar processos de  rastreabilidade, incluindo monitoramento em tempo real dos estoques, coleta automatizada de dados,  entre outros, a fim de minimizar perdas financeiras, aumentar a eficiência e expandir a participação de  mercado. Em breve isso será um pré-requisito para todos os participantes do mercado e tais mudanças já devem ser vistas em 2024. 

Energia limpa e eficiente

  1. Eficiência do sistema elétrico: Melhorar a infraestrutura da rede elétrica instalada não é uma  demanda recente, mas encontrou sua luz no fim do túnel com o uso de tecnologia. Temos começado a  ver inovações para aumentar a eficiência da rede, por meio do uso de sensores, mecanismos  computacionais automatizados e sistemas de monitoramento de dados em tempo real, ajudando a  eliminar congestionamentos na rede e aumentando a estabilidade do fornecimento. Em 2024, veremos o  crescimento dessas soluções que devem impactar diretamente as tarifas dos consumidores graças aos  menores custos de manutenção da rede, uso otimizado da capacidade instalada e a possibilidade de  faturamento variável com base na quantidade efetiva de energia transmitida e consumida. 
  2. Mercado livre de energia: A abertura desse mercado vem acontecendo de maneira gradual no  Brasil, mas 2024 marca um grande passo desse processo. Desde janeiro de 2024, um novo grupo de 106 mil consumidores já podem migrar para esse novo ambiente de contratação livre, optando pela compra de energia elétrica de qualquer concessionário do Sistema Interligado Nacional. Até então, somente empresas de grande porte estavam autorizadas a negociar nesta modalidade. Apesar de ainda serem necessários alguns anos até que essa opção esteja disponível para todos os consumidores de baixa tensão, a abertura gradual já vem gerando um ambiente mais competitivo de oferta de energia e uma conta de luz mais  barata. A tecnologia vai cumprir o papel de ajudar a remodelar a forma como a energia é gerada, transacionada e consumida. 

Logística e transporte 

  1. Eletrificação de frota: Quase um quinto das emissões de gases do efeito estufa globais  provém do impacto do setor do transporte, principalmente do rodoviário. Soluções de biocombustíveis, como o etanol, e a eletrificação do transporte ganham força nesse contexto. O cenário é positivo para o Brasil, pelo potencial de desenvolvimento de biocombustíveis e pela  matriz energética que incentiva fontes sustentáveis. Este ainda será um ano de discussões sobre como essa expansão vai se dar na América Latina, dadas as necessidades de adaptação de infraestrutura e tecnologia. 
  2. Eficiência rodoviária: A indústria de caminhões tem um papel essencial na cadeia logística de  abastecimento da América Latina, mas sofre com os altos custos operacionais, a infraestrutura precária e  os desafios na cadeia de abastecimento. Todos esses problemas afetam os preços, resultando em  custos logísticos mais altos no transporte de cargas entre portos, centros de consumo, centros de  distribuição e instalações de produção. O cenário abre boas oportunidades de investimento em soluções integradas e digitalizadas especializadas em nichos de eficiência logística. 

Economia circular e gestão de resíduos 

  1. Reciclagem mandatória: A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu que 2024 será o  ano para dar um fim aos lixões irregulares em todos os municípios do Brasil. Isso deve impulsionar o crescimento de ferramentas e novas soluções focadas em viabilizar este movimento. A força da lei e a grande complexidade da aplicação da logística reversa em diversas  cadeias criam um terreno propício para inovações de  grande impacto. Já surgiram novos modelos como associações, marketplaces e empresas com softwares de gestão de  resíduos e rastreabilidade com modelos de negócios altamente promissores e com uma avenida enorme  de crescimento pela frente. 
  2. De resíduo para produto: O avanço de tecnologias que ajudam a transformar "resíduo em  produto" não é apenas valioso, mas crucial em um cenário em que estamos acumulando lixo em excesso  sem saber como descartá-lo apropriadamente. Um destaque para este ano está em tecnologias que  transformam o resíduo em energia, como o biogás, o etanol de segunda geração e o  biometano.  O "lixo", ou subproduto, oferece uma solução para dois desafios ambientais significativos: reutilizar o  grande volume de resíduos produzido pela sociedade e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência de  combustíveis fósseis. 

Esperamos que esta lista ajude a gerar ideias e conexões de quem está criando com quem está investindo. O desafio de transição para uma economia mais verde é atual e recorrente.. Estamos abertos a conhecer, estudar e avançar em investimentos em  soluções que estão nesse caminho. Se algo chamou sua atenção ou deseja aprofundar discussões, veja o relatório completo no link. 

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