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Apostando numa logística mais eficiente e verde: Por que investimos na Origem?

6 min. leitura
10/12/2021
Thiago Mendes

Recentemente o Brazil Journal anunciou o investimento pela Atmos de R$100 milhões na Origem Motos Elétricas. Um passo importante para o futuro da companhia.

Quando ouvimos o pitch dos fundadores da Origem pela primeira vez em 2019, tivemos uma reação de entusiasmo mas também de ceticismo parcial por ser um modelo de negócio intensivo em capital. Contudo, ficamos muito impressionados com a qualidade e audácia do modelo, que se propunha a resolver grandes ineficiências do last-mile.

Após meses de conversas, visitas e discussões sobre o modelo de negócios, em junho de 2020, em meio a pandemia, a Barn fez o investimento na Origem Motos, sendo o primeiro investidor institucional da companhia.

Mas o que nos fez fazer uma aposta tão ousada? Um dos grandes desafios do gestor de Venture Capital early stage é ser capaz de avaliar o potencial de um mercado nascente, a qualidade do produto e a capacidade de execução do time. Os três pilares essenciais na avaliação e seleção dos investimentos da Barn.

Dividimos neste breve artigo o que nos embasou no investimento nessa companhia que acreditamos ser uma das mais promissoras empresas do setor de veículos elétricos brasileiro.

Mercado de motocicletas para last-mile no Brasil: expansão e transformação

Com 28 milhões de motocicletas, o Brasil possui a maior frota do ocidente, incluindo Europa e América do Norte. Em termos de vendas de motos, o Brasil ocupa a oitava posição mundial, ficando atrás apenas de países asiáticos, onde a motocicleta é o principal meio de locomoção. A frota de motocicletas brasileiras cresceu em média 7% ao ano nos últimos 12 anos, mais do que dobrando nesse período. As vendas de motos passaram a representar 32% do total dos veículos vendidos em 2020, diante de 22% em 2005.

Frota de Motocicletas no Brasil (em milhões de unidades)

As motos vêm ganhando ainda mais espaço no país e isso pode ser explicado principalmente pelos seguintes motivos:

· Organização da população nas grandes cidades e consequente aumento no trânsito

· Expansão de canais digitais e aumento do consumo online (intensificado pela pandemia) o que colocou mais pressão no delivery last-mile

· Surgimento dos aplicativos de delivery — os Delivery Service Providers (DSP) — como Rappi, Ifood, Loggi, etc

· A proliferação de Centros de Distribuição Urbanos (CDUs) dentro das grandes cidades, uma forte tendência para os próximos anos

Tendência setorial: terceirização das frotas mostrando forte crescimento

Além do tamanho atual e potencial do mercado de motos para last-mile no Brasil, uma tendência importante e central no modelo negócio da Origem, é a busca das empresas por modelos de negócios que são asset-light.

Podemos observar claramente esta tendência quando analisamos os números das grandes locadoras no Brasil. Em 2008, estimava-se que 55% dos veículos das locadoras brasileiras eram alugados para fins de terceirização de frotas, ao passo que, no final de 2020, esse número atingiu 72%.

A Origem beneficia-se desta tendência, fabricando motos elétricas para oferecê-las como um serviço completo a grandes e médios frotistas. A companhia oferece um serviço melhor, mais limpo, e mais competitivo, com um valor de aluguel cerca de 40% mais barato do que comprar e operar uma moto própria a combustão.

Descarbonização: um caminho sem volta

Outra demanda central que a Origem atende é a da adoção de tecnologia limpa para logística last-mile. Com os centros urbanos crescendo rapidamente em tamanho e população e a maioria das cidades já lidando com níveis perigosos de poluição e ruas congestionadas, tecnologias limpas que conciliam alta eficiência e baixa pegada de carbono são fundamentais.

A adoção de veículos elétricos já é realidade em diversos países. O maior movimento é no segmento de carros, com grandes empresas, como Tesla e outras montadoras já estabelecidas, encabeçando essa tendência global. E os números impressionam.

 
Países com Maior Penetração de Vendas de Carros Elétricos (2020)

As projeções da Bloomberg estimam que em 2040, 60% do total dos carros vendidos serão elétricos. Se essas previsões se realizarem, em 2035 as vendas de veículos elétricos superarão as vendas de veículos a combustão.

Para entender esse crescimento, vale citar alguns acontecimentos dos últimos meses: o governo do Reino Unido anunciou que pretende banir as vendas de veículos movidos a combustão, a Califórnia planeja banir as vendas de novos carros de passeio movidos a gasolina, a província de Quebec no Canadá também anunciou que banirá as vendas de novos carros movidos a gasolina. São mais de 14 países e 20 cidades que, de alguma forma, já anunciaram medidas parecidas. A Uber tem planos de que 100% da sua frota seja de veículos elétricos até 2030, a Ford quer vender apenas carros elétricos na Europa até 2030, enquanto a Audi e a Volkswagen também deixarão de produzir motores a combustão.

Projeção de Venda Global de Carros por Tipo de Combustão

Acreditamos que a tendência de eletrificação para o Brasil comece pelas motos, que tem um custo de aquisição mais baixo e atendem demandas de descarbonização de grandes grupos corporativos.

Usando o GHG Protocol (protocolo global que estabelece estruturas padronizadas para medir e gerenciar as emissões de gases de efeito estufa), calcula-se que uma motocicleta comercial convencional a combustão, emite em média 2,65 toneladas de CO2 por ano. Cada moto da Origem evita a emissão de 2.5t CO2e/ano.

Produto

Dada as tendências de mercados analisadas e o produto da Origem, entendemos que a companhia possui o tão desejado “product-market fit” (PMF), oferecendo um produto que tem uma forte aderência com as necessidades atuais do mercado. A Origem é uma empresa que está inserida na intersecção de pelo menos três grandes mercados: 1) o de motocicletas para logística last-mile, 2) o de terceirização de frotas, e 3) o de veículos elétricos e a descarbonização que estão diretamente ligados com o mercado da sustentabilidade e soluções de tecnologias verdes, o mercado de Greentech.

Apesar da empresa produzir um hardware, ela o oferta em um modelo as a service. Para o cliente são vários os benefícios: (i) não mobilizar capital, (ii) aumento de eficiência e redução de custos, (iii) redução drástica na pegada de carbono, (iv) melhora dos financials e (v) marketing verde. Para a companhia, a relação entre investimento e retorno sobre o ativo é muito bom pois os contratos são de longo prazo (aproximadamente 60 meses) gerando um ROI de quase 11x.

Desenho da Moto Origem

Time

O nosso investimento também foi sustentado por uma equipe de fundadores experiente e técnica. Os fundadores da Origem Diogo LisitaFelipe Borges e Pablo Estrela são engenheiros formados pela Universidade de Brasília (UnB). Eles se conhecem há mais de 10 anos, tem uma sólida experiência internacional (com passagens pela China e República Tcheca) e profundo conhecimento em veículos elétricos.

Looking forward

Com a nova capitalização e a migração da produção para a Zona Franca de Manaus, a Origem passará a produzir motos em escala a custos muito mais baixos do que os atuais (aproximadamente 30%~40% de redução de custos), além de fortalecer sua equipe comercial e de desenvolvimento. Acreditamos que a Origem será o paradigma da logística verde, representando o Brasil com louvor neste mercado nascente e promissor.

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